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segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

As crónicas do DN

Anos a fio procurei eu as deliciosas crónicas que a minha tia, atenciosamente, guardava para a sobrinha que ora vos escreve. “Não vá dar em iletrada. Ao menos alguma coisa lê”.
Religiosamente, sentava-me na grande mesa da biblioteca, junto dos reformados e, estoicamente, segurava as gargalhadas, resguardando-me dos olhares acusadores a que já tinha sido exposta em diversas ocasiões. Aquelas crónicas eram um perigo.

Sempre me convenci de que eram assinadas por um tal de “Arsénico & Caramelo” mas, tanto a minha tia como o meu irmão, me asseguraram que isso era um cartoon que saía também no suplemento de um jornal daquele tempo ... infelizmente, as crónicas nem vê-las.

O que escrevo, se escrevo (umas letras a seguir às outras, com espaços pelo meio e sinais que vou distribuindo mais ou menos criteriosamente), e como o faço, devo-o a essas crónicas que bebi até a fonte secar. As minhas palavras fotográficas vêm daí (neste caso até não são tão fotográficas assim mas fica o link na mesma).

Como a net é uma rede de cerejas que puxa muitas conversas, fui parar a um blog onde um nome me acordou algo na memória. Onésimo Teotónio de Almeida (...) Crónicas no DN. Claro!

Não é Arsénico & Caramelo mas é Onésimo Teotónio, o que vai dar quase no mesmo.

Agora só falta ir ao DN e rezar para que tenham lá uma senhora como a minha tia, que me fotocopie todas as cronicas do Sr. Almeida, que religiosamente guardou.

Nota: Entretanto, quando vi o título “Que nome é esse, ó Nézimo? – E outros advérbios de dúvida”, alguma coisa, mesmo nas "traseiras d'alembradura", me dizia que eu já tinha lido esse livro e que, também nessa altura, tinha reconhecido o autor das tão procuradas crónicas (só faltava saber qual o jornal). Um auxiliar de memória, o meu marido, lembrou-me que o livro nunca foi meu e que me foi emprestado pelo nosso excelentíssimo anfitrião em Moçambique (daí o esquecimento), o JPT.

quarta-feira, 5 de agosto de 2009

Budapeste

Diário de bordo 28.07.09
A viagem começou bem. Perdemos o avião.
Pudemos escolher um voo, no mesmo dia, que fazia escala em Frankfurt e tivemos oportunidade de fumar nos célebres cubículos de que já tinha ouvido falar.
Algo me dizia que a lei de Murphy ia fazer das suas. A bagagem poderia ficar a meio caminho e ... Bingo!
Quando chegámos a Budapeste, a um aeroporto em tudo parecido com o de Maputo, esperámos duas horas para resolver o problema (Hoje de manhã entregaram-nas no quarto. Em Maputo isso dificilmente aconteceria).
Finalmente entrámos no quarto, completamente esgotados e deparámo com um cochicho deprimente, com uma coluna de madeira enorme no meio, camas separadas e para não fumadores (como a escrita inteligente deste telemóvel, que não reconhece a palavra "fumadores").
Sem querer avançar com grandes reclamações, apenas referimos que tínhamos pedido um quarto para fumadores e deram-nos uma (quase) suite. O Paulo passou o resto da noite a congratular-se por não ter deixado de fumar.
Acabámos o dia em grande, a jantar num restaurante com danças e cantares húngaros.

Diário de bordo 30.07.09
É oficial. Somos os maiores especialistas em bons restaurantes húngaros. Isto, segundo uma colega do Paulo, quando almoçávamos no mesmo restaurante em que tínhamos jantado nos dois primeiros dias.
As temperaturas rondam os 38 graus e as águas são contra-indicadas a pessoas com problemas de circulação ou de coração. A minha tensão foi p´ro brejo.
Após os primeiros dias, em que ainda tive forças para ir assistir a algumas palestras (para além da que o Paulo deu), o mais longe que fomos, foi para lá da Ponte da Liberdade (“Os comunistas mudaram-lhe o nome”), para cima de quinhentos metros, ao Mercado Central (a Praça da Ribeira, com uns bordados húngaros à mistura, num edifício lindíssimo). Umas voltas aos quarteirões mais próximos e ala para o hotel que eu já não aguento o calor.
Só ontem é que fomos ver as termas. Quase nos perdemos nas catacumbas do hotel que, para variar, estão mais quentes que a temperatura exterior. Entrámos na piscina aquecida, a minha tensão desceu e eu subi ... para o quarto. Um desassossego.
Hoje o Paulo foi sozinho. Ele queria experimentar a sauna, que eu não gosto e eu preferi a banheira (assim como assim a água vem toda mais ou menos do mesmo sítio). Para não lhe roubarem os óculos, levou-os para dentro da sauna. Chegou ao quarto com eles todos tortos e rachados, envolto numa névoa que só ele vê.
Para amanhã temos organizada uma ida ao oculista. Depois logo se vê (a ver vamos :)).

terça-feira, 5 de maio de 2009

O Senhor da animação em Portugal

Foi ele quem me deu a conhecer a Checoslováquia . . . e a Paciência.
Até muito tarde não lhe conhecia o nome e achava que Vasco Granja, era o homem que apresentava a TV Rural. Este também exigia paciência . . . ao meu avô, que tinha que nos mandar calar a cada cinco minutos.
A Checoslováquia era um dos lugares distantes, onde se produziam todos aqueles desenhos animados, sobre os quais Granja tinha sempre tanto a dizer. Era aí que entrava paciência (esgotada por ele, como o referi no "e perguntam vocês, hilariante porquê?"). Esperar pelas palavras mágicas “Tex Avery” (apesar de ver também Norman McLaren e os benditos Checos), era um exercício de perseverança que me deu alguma preparação para a vida. Foi com ele que eu passei os únicos momentos despertos da minha infância em repouso. E foi através dele que conheci outros mundos, outras culturas e outras animações para além do franjinhas.
Levei algum tempo a entender como é que o meu irmão conseguia ver tudo, sempre com o mesmo entusiasmo. Quando ele foi estudar Artes plásticas para a Checoslováquia percebi, estava-lhe no sangue.
Não sabia que estava doente. Foi por isso com surpresa e pena que recebi a notícia, esta manhã. Vasco Granja morreu esta madrugada em Cascais (Público).

Justiça lhe seja feita. Não era bem assim.



Era mais assim,



e assim.



Entrevista

sexta-feira, 10 de abril de 2009

Agora é que me avisam?!

Agora percebo porque é que as pessoas contam os aniversários religiosamente. É para não serem apanhados em falso.
Na dúvida, podemos sempre seguir-lhes o rasto. “Não. Tu fizeste o 1º, o 2º e o 3º aniversário na creche" ... "o 12º foi quando bebeste a garrafa de aguardente de pêra do Gusmão" ... "no 25º foste àquele bar de música ao vivo, com o teu namorado ciumento e cantaste “Deixa a menina” e o “Please don't talk about me when I'm gonenesta e nesta versão." Como se chamava o bar? ... (e aqui começa a consciencialização de que atingimos a idade da mãe) ... "e não te lembras que fizeste aquela festa, em que juntaste os teus amigos (que se costumam baldar sempre) e familiares (que nunca saem de casa) num restaurante em Alfama? Foi quando fizeste quarenta.” Pois. Nem tinha reparado.
Agora, quando fui a uma entrevista e me ouvi a perguntar quanto é que pesava a caixa do computador que levaríamos para gravar as transmissões, caí em mim. Quando queremos assegurar de que não estamos a aceitar demasiada areia para a nossa camioneta ... passámos dos quarenta e nem demos por isso.