A mulher, na força dos trinta, vocifera baixinho em frente à protecção do ar condicionado do vizinho, uma cerca de madeira de dois metros de altura, já partida em alguns sítios.
Do lado de dentro, o rapaz, que a encara entre o amedrontado e o provocador, segura uma bola.
Um “Sai daí júnior. Já!”, num sussurro quase gritado, não demove o rapaz que permanece impávido, colado ao chão.
De repente ela vira-se, agarra num dos tocos partidos e assume a ameaça. O misto de desespero e loucura estampados no rosto fazem-me despertar para tempos idos. Eu criança de novo, a ver aquele olhar da minha mãe pela milésima vez.
sexta-feira, 27 de março de 2009
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